segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Marina entrará no PV domingo, indicará 50% da executiva e aceitará 'cláusula de consciência'


Filiação será durante encontro do Partido Verde em São Paulo.

Por João Roberto Braña Bezerra



Com a prudência de certas espécies da floresta da Amazônia, a senadora Marina Silva, ex-PT, se filiará daqui a uma semana ao seu novo partido, o PV, não sem antes ter tomado algumas importantes providências estratégicas.

A solenidade está prevista para acontecer no próximo domingo, em São Paulo, data onde várias cidades do mundo vão instalar painés-relógios chamando à atenção para o problema do ambiente no planeta.

A acreana do pé-rachado fez exigências para se filiar ao PV. Umas das condições foi acertada muito antes do seu anúncio de despedida do PT, na semana passada. Marina exigiu e os verdes aceitaram refazer sua executiva nacional [grupo dirigente principal do partido] dando à política do Acre a condição de indicar nove dos vinte integrantes da cúpula partidária. A senadora entra na nova agremiação com quase 50% dos votos. Não é pouco.

Em contrapartida, Marina terá que se submeter a uma 'cláusula de consciência', que significa que os militantes do partido poderão optar pela defesa do aborto e casamento gay ou não, sem o risco de sofrerem reprimendas estatutárias. Como todos sabem, Marina era católica, virou evangélcia e continua sendo contra a prática do aborto, mas não terá como impor ao partido a sua vontade dogmática. A 'cláusula de consciência' servirá para estabelcer a calmaria entre as correntes atuais do PV e Marina Silva, hoje uma senhora religiosa praticante.

A prudência da 'espécie' Marina, parece, que tem lá suas lógicas. À época que saiu do ministério do Meio Ambiente coincidiu com a visita da premier da Alemanhã, Angela Merkel, que chegou a perguntar a Lula, durante encontro no Brasil, 'onde estava Marina?'. O presidente ficou numa saia justa. Agora, sua saída coincide com a crise profunda do PT no senado federal e com a aliança com o senador Sarney, em nome da governabilidade no pais que a senadora critica.

No Acre, o PT terá que mexer nas pedras do tabuleiro se quiser continuar vencendo o jogo de xadrez. A cúpula do partido e os caciques mais importantes procuraram, com razão [e lógica, também] não superdimensionar a consequência de sua saída. Publicamente ninguém do PT do Acre ainda se encorajou para questionar a saída da senadora, que continuará com o mandato que, em tese, pertence ao partido.

Como Marina tem usado a prudência como norma, a decisão de se candidatar à presidência do Brasil não será anunciada no mesmo dia da filiação ao PV.

Afinal de contas, ela dividiu em três atos [desfiliação, filiação e candidatura] a sua nova investida política. E até agora tem sido sucesso de crítica e de público.

Nenhum comentário: