quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Em carta ao PT, Marina comunica saída e diz que partido não ofereceu "condições políticas"


Em carta encaminhada ao presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), a senadora Marina Silva (AC) comunicou nesta quarta-feira a sua saída da legenda com a justificativa de que o partido não ofereceu "condições políticas" para avanços na questão ambiental. Sem críticas diretas à legenda, Marina disse a Berzoini que sua decisão foi difícil, mas consciente --numa sinalização de que pretende aceitar se filiar ao PV.

"Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço do exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas", diz Marina na carta.

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A senadora afirma que a resistência a tornar prioridade a discussão sobre a questão ambiental e do desenvolvimento sustentável não é algo exclusivo dos governos, mas também dos partidos políticos --num recado ao PT. "Partidos políticos em geral e vários setores da sociedade reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas públicas para mantê-las", disse.

Em entrevista na qual anunciou sua decisão de deixar o PT, Marina agradeceu a um grupo de petistas que a pressionaram a permanecer na legenda, como o próprio Berzoini, os senadores Aloizio Mercadante (PT-SP), Tião Viana (PT-AC) e Eduardo Suplicy (PT-SP). A senadora não mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque disse que não discutiu com o petista a sua saída da legenda.

"Nós temos relação de respeito, amizade, companheirismo. Tomei para mim as palavras que ele disse a Ciro Gomes de que, quando o desaconselhavam [a disputar a Presidência], ele insistia", afirmou.

Marina evitou vincular sua saída do PT com a filiação ao PV, mas deu sinais claros de que vai aceitar o convite para ingressar nos quadros da legenda. Não seria ético, justo com o PT e com os meus companheiros e a minha trajetória, iniciar as conversações com outro partido. Eu tinha que me sentir livre para iniciar as conversas", afirmou.

Candidatura

A senadora disse que vai definir até o final do mês o seu destino político, quando termina o prazo previsto pela Legislação Eleitoral para filiações dos candidatos que vão disputar as eleições de 2010.

Marina também disse que vai decidir, nos próximos meses, se aceitará o convite do PV para disputar a Presidência da República no ano que vem. "Vou discutir com as pessoas que me fizeram o convite a filiação e a questão da candidatura, que é prioritária para o partido. Mas quem vai decidir é o partido", afirmou.

Bem-humorada, Marina evitou uma eventual composição de chapa para disputar o Palácio do Planalto com o cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil --que é filiado ao PV.

"Posso ser candidata, ou não. Não vou discutir vice se esse ainda é um processo em construção", afirmou.

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