PORTO WALTER REALIZOU NO ÚLTIMO DIA 13 UM SÁBADO COM UM SOL DE RACHAR A MULERA COMO DIZIAM OS MAIS ANTIGOS AO MEIO DIA UMA DAS MAIORES DEMONSTRÇÕES DE APOIO A CANDIDATURA A REELEIÇÃO DE NEUZARI E GADELHA A PREFEITURA. POR COINSCIDÊNICA OU NÃO, JUSTAMENTE UM DIA 13 NA FESTA DO 13 O GOVERNADOR, JUNTAMENTE COM O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA O DEPUTADO EDVALDO MAGALHÃES E A DEPUTADA ESTADUAL PERPETUA DE SÁ FORAM RECEPCIONADOS NO AEROPORTO DE PORTO WALTER POR UMA MUTIDÃO QUE OS AGUARDAVAM PARA PERCORRRER AS PRINCIPAIS RUAS DA CIDADE E REALIZAREM UM GRANDE ATO PÚBLICO NA PRAÇA VICENTE LOPES... "O POVO DEMONSTROU QUE SABE O QUE QUER DISSE O GOVERNADOR E ACRESCENTOU QUE FOI EM PORTO WALTER QUE PELA PRIMEIRA VEZ ELE REALIZOU UM COMÍCIO DEBAIXO DE CHUVA E AGORA VOLTAVA PRA REALIZAR UM DEBAIXO DE UM SOL DE RACHAR", SALIENTOU AINDA QUE ESSA DIFERENÇA QUEM FAZ É O POVO QUE NÃO FOGE DOS EMBATES POLÍTICOS, POVO AGUERIDO E CORAJOSO QUE NÃO QUER DEIXAR A PREEFEITURA CAIR EM MÃOS ERRADAS DE NOVO...ENTÃO VIVA PORTO WALTER E VIVA A FRENTE POPULAR PORTOWALTENSE.
"A tecnologia digital é a arte de criar necessidades desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis." (Joelmir Beting)
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Sinteac realiza manifesto pela mobilização do Piso Salarial
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteac) e representantes das escolas públicas realizaram ontem no...
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteac) e representantes das escolas públicas realizaram ontem no centro de Rio Branco um manifesto para pedir mais agilidade na implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN).A manifestação acontece simultaneamente em onze estados com a realização de atos públicos, panfletagem, seminários e reuniões, entre outros eventos e faz parte do Dia Nacional de Mobilização, que tem como tema “O Piso é Lei, Faça valer !”A campanha encabeçada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e conta com o apoio nas capitais dos sindicatos dos professores e profissionais em educação com a proposta de cobrar a implementação do piso salarial nacional de R$ 950 para professores que cursaram o ensino médio. No Acre, a mobilização aconteceu em frente ao Senadinho onde participaram além dos representantes das escolas de Rio Branco, representantes do interior mais próximo da capital.De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), Manoel Lima, o Conselho Deliberativo da entidade aprovou a campanha conjunta para que os funcionários de apoio também recebam o piso salarial nacional estabelecido pela legislação aos professores. Lima avaliou a manifestação como positiva e ressaltou que o Sinteac vem desenvolvendo um trabalho sério onde o foco principal é os direitos dos trabalhadores, “A mobilização foi um ato pacífico com a representação de todas as escolas de Rio Branco e algumas do interior, não paralisamos e nem prejudicamos as aulas de nenhuma escola ao contrario do que muitas pessoas disseram. Somos um sindicato sério e comprometido com a nossa categoria, não estamos aqui brincando de sindicato, estamos é lutando pelos direitos dos nossos educadores”, desabafou o sindicalista.
A CNTE destaca que a paralisação de ontem é apenas a primeira etapa de uma ampla campanha nacional que busca garantir o cumprimento da lei. Até o final do ano, sempre no dia 16, serão realizados atos públicos, assembléias, mobilizações e paralisações em defesa do piso.A mobilização contínua é uma forma de inibir ações dos estados para derrubar pontos da lei do piso. As eleições municipais de outubro também vão contribuir em função do desgaste que representam. Após as eleições municipais serão organizadas caravanas a Brasília para pressionar o Congresso contra projetos de lei que possam propor alteração da legislação do piso e audiências públicas em Câmaras de Vereadores e Assembléias Legislativas para debater a implantação do PSPN.
Angelim continua na frente, mas pode ter segundo turno em Rio Branco
O jornal ACTV da Tv Acre divulgou nesta terça-feira oresultado de mais uma pesquisa do Ibope, para saber a intenção de voto do riobranquense. E descobriu que Raimundo Angelim, apesar de ter caído quase 6 pontos percentuais entre a primeira pesquisa [julho] e a de agora, continua com boa margem de vantagem para o segundo colocado, Sérgio Petecão. Se as eleições para prefeito de Rio Branco fossem hoje, não haveria segundo turno e o candidato da Frente Popular, Raimundo Angelim (PT) seria eleito com 51% dos votos e Petecão ficaria em segundo com 23%. O candidato do PSDB, Tião Bocalon aparece com 13%, enquanto que Rocha, do PSOL tem 1%. Segundo a pesquisa do Ibope-Rede Amazônica 6% dos entrevistados votariam em braço ou anulariam o voto e 9% responderam que ainda não sabem em quem votar.Da redação ac24horas Rio Branco, Acre
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
"Tirem suas conclusões, e veja como esse babaca foi infeliz em sua declaração"
Marqueteiro do PMDB insinua que Vagner Sales (seu candidato) mente e as mulheres de Cruzeiro do Sul são prostitutas.
O texto foi retirado da coluna do Editor da folha do acre, mas por motivos que somente Deus e a cúpula do PMDB sabe, foi deletado do site.
Amado mano potiguar, a demora, ás vezes, se faz necessária. Nunca se justifica, mas carece de existir. É na demora que me reciclo e me entrego aos prazeres do ócio, da irresponsabilidade, do paraíso da rede e da delícia da cerveja bem gelada que, simplesmente, bebê-la, precisa ser profissão e ofício bem remunerado. Cá estou pelas bandas do Juruá, na fronteira peruana com o Amazonas quase infinito (metáfora sem-vergonha), sorvendo a caboclagem das morenas politicamente incorretas que, decididamente, não gostam de ver pau em pé. Cruzeiro do Sul é uma cidade interessante, acidentada, parece nossa Petrópolis, tantos são os morros. Encontrei por cá o Fé em Deus. Disse ele que se morasse aqui ficaria rico alugando skate no topo das ladeiras e vendendo iodo e mercúrio cromo nos sopés. O Igarapé Preto, com sua água gelada, mais parece um poço de espermas, embora seja altamente propício para curar ressacas. Cruzeiro do Sul não é uma Sodoma, mas não é hipócrita. Com certeza, moraria aqui, se a paixão me tocaiasse. Por esses dias me senti um Mário Quintana, morando em hotel, escrevendo poemas em bares e cheio de amor platônico pelas brunas lombardis da vida. Essa metáfora, nada sem vergonha, representa a vida onde somos hóspedes e vítimas das trágicas paixões. Escrever é o que resta, o que importa, o que é preciso. Por esses dias também encontrei por aqui um tenente coronel bastante famoso. Ele atende pelo nome de Marcos Pontes e já esteve no espaço sideral, o que nos dá uma baita inveja porque não se trata de metáfora, mas palavra literal. Fazia ele um material para uma rede nacional de TV sobre a proteção da Amazônia. É boa pinta e boa praça. Querido mano potiguar, é vero que vou ficar por aqui, todo o período eleitoral, escrevendo as agruras e as delícias de um candidato ungido pelos miseráveis e predestinado à vitória, vivendo a experiência inédita de marqueteiro interiorano, incapaz de descobrir, e compreender, qual um Renato Russo amazônico, por que a mentira, às vezes, deixa a pessoa mais forte. Aqui, no extremo oeste brasileiro, a vida não é drummoniana ou itabirana, a vida aqui é cheia de energia, de daime, de vacina de sapo, de tacacá, de farinha de primeira, de feijão arromba-homem, de morena trigueira (que também arromba homem), de mandim, de açaí e de olhares de soslaio, que não significam desdém, mas indício de alguma mensagem secreta criptografada pelas retinas das meninas que não são tão meninas assim. Cruzeiro do Sul, mano potiguar, me apetece, mas Rio Branco não é um quadro na parede, mas uma verdade pungente que me assola o coração, quando penso num menino de três aninhos me olhando com a ternura que nunca pensei merecer. Devo voltar, mano potiguar. Voltar para minhas dores, minhas saudades, minhas esquinas, meus oficiais de justiça, meus bêbados, meus inimigos e minhas indulgências. De lá, te escrevo, afinal, notícias são minhas matérias primas. Um beijo na Liberdade, outro nas meninas, e mais um nos poucos amigos. Antonio Stélio - Editor do site folhadoacre.com e MARQUETEIRO DA CAMPANHA DO CANDIDATO DO PMDB A PREFEITURA DE CRUZEIRO DO SUL, VAGNER SALES.
O texto foi retirado da coluna do Editor da folha do acre, mas por motivos que somente Deus e a cúpula do PMDB sabe, foi deletado do site.
Amado mano potiguar, a demora, ás vezes, se faz necessária. Nunca se justifica, mas carece de existir. É na demora que me reciclo e me entrego aos prazeres do ócio, da irresponsabilidade, do paraíso da rede e da delícia da cerveja bem gelada que, simplesmente, bebê-la, precisa ser profissão e ofício bem remunerado. Cá estou pelas bandas do Juruá, na fronteira peruana com o Amazonas quase infinito (metáfora sem-vergonha), sorvendo a caboclagem das morenas politicamente incorretas que, decididamente, não gostam de ver pau em pé. Cruzeiro do Sul é uma cidade interessante, acidentada, parece nossa Petrópolis, tantos são os morros. Encontrei por cá o Fé em Deus. Disse ele que se morasse aqui ficaria rico alugando skate no topo das ladeiras e vendendo iodo e mercúrio cromo nos sopés. O Igarapé Preto, com sua água gelada, mais parece um poço de espermas, embora seja altamente propício para curar ressacas. Cruzeiro do Sul não é uma Sodoma, mas não é hipócrita. Com certeza, moraria aqui, se a paixão me tocaiasse. Por esses dias me senti um Mário Quintana, morando em hotel, escrevendo poemas em bares e cheio de amor platônico pelas brunas lombardis da vida. Essa metáfora, nada sem vergonha, representa a vida onde somos hóspedes e vítimas das trágicas paixões. Escrever é o que resta, o que importa, o que é preciso. Por esses dias também encontrei por aqui um tenente coronel bastante famoso. Ele atende pelo nome de Marcos Pontes e já esteve no espaço sideral, o que nos dá uma baita inveja porque não se trata de metáfora, mas palavra literal. Fazia ele um material para uma rede nacional de TV sobre a proteção da Amazônia. É boa pinta e boa praça. Querido mano potiguar, é vero que vou ficar por aqui, todo o período eleitoral, escrevendo as agruras e as delícias de um candidato ungido pelos miseráveis e predestinado à vitória, vivendo a experiência inédita de marqueteiro interiorano, incapaz de descobrir, e compreender, qual um Renato Russo amazônico, por que a mentira, às vezes, deixa a pessoa mais forte. Aqui, no extremo oeste brasileiro, a vida não é drummoniana ou itabirana, a vida aqui é cheia de energia, de daime, de vacina de sapo, de tacacá, de farinha de primeira, de feijão arromba-homem, de morena trigueira (que também arromba homem), de mandim, de açaí e de olhares de soslaio, que não significam desdém, mas indício de alguma mensagem secreta criptografada pelas retinas das meninas que não são tão meninas assim. Cruzeiro do Sul, mano potiguar, me apetece, mas Rio Branco não é um quadro na parede, mas uma verdade pungente que me assola o coração, quando penso num menino de três aninhos me olhando com a ternura que nunca pensei merecer. Devo voltar, mano potiguar. Voltar para minhas dores, minhas saudades, minhas esquinas, meus oficiais de justiça, meus bêbados, meus inimigos e minhas indulgências. De lá, te escrevo, afinal, notícias são minhas matérias primas. Um beijo na Liberdade, outro nas meninas, e mais um nos poucos amigos. Antonio Stélio - Editor do site folhadoacre.com e MARQUETEIRO DA CAMPANHA DO CANDIDATO DO PMDB A PREFEITURA DE CRUZEIRO DO SUL, VAGNER SALES.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas dar-se ao outro para completá-lo."
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
"VEJA ESSA IMAGEM"
terça-feira, 9 de setembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
As coisas que Arnaldo Jabor não disse
Poucos dias depois de o próprio Arnaldo Jabor recusar a autoria de mais um texto que circula com seu nome por e-mail, o dito cujo chegou até mim. Ainda que eu seja grande fã do que escreve o Jabor, é difícil não simpatizar com alguém que é vilipendiado dessa maneira. Vamos a alguns absurdos do texto.
Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida.
Acho justo dizer que o presidente Lula nunca priorizou a própria educação, mas isso é irrelevante aqui. Ele não foi eleito “por ter uma história de vida sofrida”, mas por fazer promessas populistas.
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza.
Sócrates já dizia no diálogo platônico Górgias: é melhor sofrer a injustiça do que praticar a injustiça. A questão das esmolas divide os liberais: de um lado estão aqueles que vêem tudo do ponto de vista dos incentivos e de outro aqueles que acham que a caridade é parte importante de suas vidas particulares. Dou esmolas, mesmo que pague impostos: o ladrão levou 40% da minha renda, não 100%. Crer que o governo vá acabar com a pobreza algum dia (como se fosse apenas a questão de achar a política certa) é tão ingênuo quanto acreditar que o sistema carcerário possa tornar as pessoas melhores.
Aceitar que ONGs de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade...
Com ou sem antipatia pelas ONGs, se passarmos a acreditar que alguma parte da população ficou sem direitos humanos, nós é que viramos criminosos.
Uma coisa é dizer que o verdadeiro objetivo das ONGs é desagregar a sociedade. Outra coisa é abandonar os direitos humanos. Eles não são incompatíveis com o combate duro e implacável ao crime.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.Brasileiro é vagabundo por excelência. (...)O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Francamente, creio que todas as acusações genéricas podem ser voltadas contra quem as profere. Invejoso é o autor do texto.
Mas podemos dizer que existe um ressentimento justo em sua acusação. A verdadeira elite brasileira está em grande parte do funcionalismo público, cujo trabalho independe do mercado, isto é, independe de sua utilidade para outras pessoas.
A ineficiência e a inutilidade (a inexistência de demanda) de muitos dos serviços estatais gera a impressão de que o funcionalismo público é, em si, uma espécie de variante legítima do crime, com a ressalva de a barreira de entrada no funcionalismo é grande (concursos difíceis) e a de entrada no crime propriamente dito é menor.
Na verdade, o funcionalismo público se torna uma variante socialmente aceita do crime por causa do desejo de planejamento universal, e só pode ser sustentado na escala brasileira porque a maior parte do povo é extremamente trabalhador. E, voltando ao que disse, não se pode censurar o escravo por ressentir-se do senhor...
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Essa afirmação contém o mesmo erro da condenação das esmolas. Se vivêssemos num sistema perfeito em que a mendicância decorresse exclusivamente da vagabundagem, as esmolas seriam apenas um incentivo à vagabundagem.
Se o governo fica com 40% da renda, podemos dizer que, desses R$90, R$36 voltam para o governo na forma de impostos. R$54 num clima de insegurança jurídica quanto ao direito de propriedade realmente são melhor gastos pensando apenas no dia de hoje.
E, francamente, não parece insensato supor que num sinal de trânsito movimentado de qualquer metrópole brasileira se possa levantar o mesmo dinheiro em um único dia.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira.Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
Bem, isso é puramente imaginário. Com todo o respeito, creio que há policiais na Europa que aceitam propinas, assim como há os que não aceitam. O bem e o mal no mundo não correspondem à Europa e ao Brasil.
Uma coisa, também, é dizer que todos pensamos no que faríamos se ficássemos subitamente ricos ou arrumássemos “uma boquinha” legítima – uma herança, rendas etc. Isso parece verossímil. Mas nem todos os brasileiros têm a ambição de ser corruptos. Se realmente a maioria das pessoas desistisse da honestidade, não haveria governo hobbesiano que chegasse para manter a ordem, e isso mantendo o pressuposto absolutamente miraculoso de que os agentes da lei e da ordem nunca seriam eles mesmos corruptos.
Precisamos, isso sim, de um sistema jurídico que permita que o trabalho honesto colha seus frutos em vez de vê-los roubados por planejadores centrais com belos pretextos.
Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida.
Acho justo dizer que o presidente Lula nunca priorizou a própria educação, mas isso é irrelevante aqui. Ele não foi eleito “por ter uma história de vida sofrida”, mas por fazer promessas populistas.
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza.
Sócrates já dizia no diálogo platônico Górgias: é melhor sofrer a injustiça do que praticar a injustiça. A questão das esmolas divide os liberais: de um lado estão aqueles que vêem tudo do ponto de vista dos incentivos e de outro aqueles que acham que a caridade é parte importante de suas vidas particulares. Dou esmolas, mesmo que pague impostos: o ladrão levou 40% da minha renda, não 100%. Crer que o governo vá acabar com a pobreza algum dia (como se fosse apenas a questão de achar a política certa) é tão ingênuo quanto acreditar que o sistema carcerário possa tornar as pessoas melhores.
Aceitar que ONGs de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade...
Com ou sem antipatia pelas ONGs, se passarmos a acreditar que alguma parte da população ficou sem direitos humanos, nós é que viramos criminosos.
Uma coisa é dizer que o verdadeiro objetivo das ONGs é desagregar a sociedade. Outra coisa é abandonar os direitos humanos. Eles não são incompatíveis com o combate duro e implacável ao crime.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.Brasileiro é vagabundo por excelência. (...)O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Francamente, creio que todas as acusações genéricas podem ser voltadas contra quem as profere. Invejoso é o autor do texto.
Mas podemos dizer que existe um ressentimento justo em sua acusação. A verdadeira elite brasileira está em grande parte do funcionalismo público, cujo trabalho independe do mercado, isto é, independe de sua utilidade para outras pessoas.
A ineficiência e a inutilidade (a inexistência de demanda) de muitos dos serviços estatais gera a impressão de que o funcionalismo público é, em si, uma espécie de variante legítima do crime, com a ressalva de a barreira de entrada no funcionalismo é grande (concursos difíceis) e a de entrada no crime propriamente dito é menor.
Na verdade, o funcionalismo público se torna uma variante socialmente aceita do crime por causa do desejo de planejamento universal, e só pode ser sustentado na escala brasileira porque a maior parte do povo é extremamente trabalhador. E, voltando ao que disse, não se pode censurar o escravo por ressentir-se do senhor...
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Essa afirmação contém o mesmo erro da condenação das esmolas. Se vivêssemos num sistema perfeito em que a mendicância decorresse exclusivamente da vagabundagem, as esmolas seriam apenas um incentivo à vagabundagem.
Se o governo fica com 40% da renda, podemos dizer que, desses R$90, R$36 voltam para o governo na forma de impostos. R$54 num clima de insegurança jurídica quanto ao direito de propriedade realmente são melhor gastos pensando apenas no dia de hoje.
E, francamente, não parece insensato supor que num sinal de trânsito movimentado de qualquer metrópole brasileira se possa levantar o mesmo dinheiro em um único dia.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira.Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
Bem, isso é puramente imaginário. Com todo o respeito, creio que há policiais na Europa que aceitam propinas, assim como há os que não aceitam. O bem e o mal no mundo não correspondem à Europa e ao Brasil.
Uma coisa, também, é dizer que todos pensamos no que faríamos se ficássemos subitamente ricos ou arrumássemos “uma boquinha” legítima – uma herança, rendas etc. Isso parece verossímil. Mas nem todos os brasileiros têm a ambição de ser corruptos. Se realmente a maioria das pessoas desistisse da honestidade, não haveria governo hobbesiano que chegasse para manter a ordem, e isso mantendo o pressuposto absolutamente miraculoso de que os agentes da lei e da ordem nunca seriam eles mesmos corruptos.
Precisamos, isso sim, de um sistema jurídico que permita que o trabalho honesto colha seus frutos em vez de vê-los roubados por planejadores centrais com belos pretextos.
"Sindrome do ninho vazio"
Da saída do filho de casa, à morte e à separação.
Saiba o que é e como agir para não entrar em depressão diante de seus filhos. A dor acaba quando a ordem familiar for refeita.
Foram anos se dedicando a criação dos seus filhos até o dia em que eles resolveram cair no mundo. Na casa que antes era cheia de vozes, o silêncio passa a reinar. Não tem como evitar, este é o ciclo da vida. Mas para que você não se deprima diante do crescimento dos seus filhos, saiba como agir quando a síndrome do ninho vazio bater a sua porta.
O ninho vazio é algo pontual e que tem hora certa para acabar. "Pode haver uma base depressiva, mas a síndrome ocorre a partir de um evento, como a saída do filho de casa ou até mesmo a morte. E sua duração se estende do momento da separação até a inclusão de uma nova ordem familiar", explica a psicóloga Silvana Martani.
No entanto, de acordo com a também psicóloga Sueli Castillo, se essa tristeza se prolongar e for caracterizada também por uma falta de objetivos, a situação pode se transformar em depressão. Há ainda um agravante para as mulheres já maduras: a menopausa. "O período do climatério, culminando com a menopausa, afeta a mulher. Ela sente-se envelhecida, sua função reprodutora não existe mais, sua auto-estima abaixa, a imagem que vê no espelho não lhe agrada e sente-se muito fragilizada emocionalmente", descreve Sueli.
Características da personalidade também interferem na forma como a separação é encara. "As pessoas dramáticas sofrem mais, como em tudo na vida", afirma Silvana. E, segundo a profissional, ninguém se prepara para uma separação, mesmo que ela seja programada. "Todos sentem, mas quanto melhor tiver sido a elaboração da separação, melhor as pessoas envolvidas vão lidar com a dor", conclui.
A intensidade do sentimento de perda depende ainda de outros fatores, como por exemplo o motivo da saída do filho da casa dos pais. "Se a separação for por bons motivos, como casamento, faculdade ou mesmo para morar sozinho, desde que os pais participem do processo, tudo é mais tranqüilo. Mas se for dolorosa, por causa de brigas ou morte, o sentimento de dor dura mais", explica Silvana.
Enfim sós novamenteE o que fazer com tanto tempo livre? Se sua vida não foi estruturada apenas em torno do seu filho, fica fácil seguir adiante nessa nova fase. Trabalhos, cursos, programas com amigos e por que não reacender a chama e aproveitar a vida com o maridão?
Esse resgate, segundo a psicoterapeuta Suely Molitérno, vai depender se o casal cultivou a relação a dois durante toda a vida. "Quase sempre a mulher tende a "abandonar" o parceiro quando tem seus filhos, dedicando-se somente a eles, colaborando para que a vida a dois não sobreviva até o período do esvaziamento do ninho", explica.
A psicóloga Silvana Martani deixar claro que não é mais possível viver como dois pombinhos recém-casados. "Não existe um retorno. Este é um novo momento, onde o casal deve encontrar outros prazeres", esclarece.
Sueli Castillo compartilha o pensamento de Silvana e acrescenta que o casal precisa conviver a dois sem cobranças referentes ao passado.
Como os filhos podem ajudar?Nessa fase é essencial uma inversão de papéis: os filhos precisam "consolar" os pais, principalmente a mãe. "Explique que você não deixou de amá-la e que esta é apenas uma nova fase, sendo que o mais importante é a qualidade da relação e não a quantidade", aconselha Sueli Castillo.
Para Silvana Martani, existe uma regra básica de coerência: "Tudo o que o filho promete tem que cumprir. Este é um vínculo de honestidade". De acordo com a psicóloga, muitos filhos falam que vão ligar todo dia, que vão almoçar junto com os pais uma vez por semana, mas não concretizam essas promessas. "Não fale o que você não vai cumprir", indica.
Saiba o que é e como agir para não entrar em depressão diante de seus filhos. A dor acaba quando a ordem familiar for refeita.
Foram anos se dedicando a criação dos seus filhos até o dia em que eles resolveram cair no mundo. Na casa que antes era cheia de vozes, o silêncio passa a reinar. Não tem como evitar, este é o ciclo da vida. Mas para que você não se deprima diante do crescimento dos seus filhos, saiba como agir quando a síndrome do ninho vazio bater a sua porta.
O ninho vazio é algo pontual e que tem hora certa para acabar. "Pode haver uma base depressiva, mas a síndrome ocorre a partir de um evento, como a saída do filho de casa ou até mesmo a morte. E sua duração se estende do momento da separação até a inclusão de uma nova ordem familiar", explica a psicóloga Silvana Martani.
No entanto, de acordo com a também psicóloga Sueli Castillo, se essa tristeza se prolongar e for caracterizada também por uma falta de objetivos, a situação pode se transformar em depressão. Há ainda um agravante para as mulheres já maduras: a menopausa. "O período do climatério, culminando com a menopausa, afeta a mulher. Ela sente-se envelhecida, sua função reprodutora não existe mais, sua auto-estima abaixa, a imagem que vê no espelho não lhe agrada e sente-se muito fragilizada emocionalmente", descreve Sueli.
Características da personalidade também interferem na forma como a separação é encara. "As pessoas dramáticas sofrem mais, como em tudo na vida", afirma Silvana. E, segundo a profissional, ninguém se prepara para uma separação, mesmo que ela seja programada. "Todos sentem, mas quanto melhor tiver sido a elaboração da separação, melhor as pessoas envolvidas vão lidar com a dor", conclui.
A intensidade do sentimento de perda depende ainda de outros fatores, como por exemplo o motivo da saída do filho da casa dos pais. "Se a separação for por bons motivos, como casamento, faculdade ou mesmo para morar sozinho, desde que os pais participem do processo, tudo é mais tranqüilo. Mas se for dolorosa, por causa de brigas ou morte, o sentimento de dor dura mais", explica Silvana.
Enfim sós novamenteE o que fazer com tanto tempo livre? Se sua vida não foi estruturada apenas em torno do seu filho, fica fácil seguir adiante nessa nova fase. Trabalhos, cursos, programas com amigos e por que não reacender a chama e aproveitar a vida com o maridão?
Esse resgate, segundo a psicoterapeuta Suely Molitérno, vai depender se o casal cultivou a relação a dois durante toda a vida. "Quase sempre a mulher tende a "abandonar" o parceiro quando tem seus filhos, dedicando-se somente a eles, colaborando para que a vida a dois não sobreviva até o período do esvaziamento do ninho", explica.
A psicóloga Silvana Martani deixar claro que não é mais possível viver como dois pombinhos recém-casados. "Não existe um retorno. Este é um novo momento, onde o casal deve encontrar outros prazeres", esclarece.
Sueli Castillo compartilha o pensamento de Silvana e acrescenta que o casal precisa conviver a dois sem cobranças referentes ao passado.
Como os filhos podem ajudar?Nessa fase é essencial uma inversão de papéis: os filhos precisam "consolar" os pais, principalmente a mãe. "Explique que você não deixou de amá-la e que esta é apenas uma nova fase, sendo que o mais importante é a qualidade da relação e não a quantidade", aconselha Sueli Castillo.
Para Silvana Martani, existe uma regra básica de coerência: "Tudo o que o filho promete tem que cumprir. Este é um vínculo de honestidade". De acordo com a psicóloga, muitos filhos falam que vão ligar todo dia, que vão almoçar junto com os pais uma vez por semana, mas não concretizam essas promessas. "Não fale o que você não vai cumprir", indica.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Carta de suicidio encontrada ao lado do corpo de Kurt.
Para Buda.
"Falando pela voz de um simplório experiente que obviamente preferia ser um queixoso castrado e infantil. Esta nota deverá ser bem fácil de compreender. Todos os avisos dos cursos de punck rock 101, ao longo dos anos. Desde a minha primeira introdução à, diremos, ética associada à independência e à aceitação na vossa comunidade, provaram-se verdadeiros. Há anos que não sinto a excitação de ouvir, ou mesmo criar música, nem sequer compor e escrever. Sinto-me culpado, para além daquilo que as palavras exprimir. Por exemplo, quando estamos no backstage e as luzes se apagam e o barulho ensurdecedor do público começa, não me impressiona da mesma forma que impressionava Freddy Mercury, que parecia adorar e saborear o amor e adulação do público, o que é algo que eu admiro e invejo nele. A realidade é: Não sou capaz de vos enganar. Nenhum de vocês. É simples, não seria justo nem para vocês nem para mim. O pior crime que eu imagino cometer seria enganar as pessoas, ludibrificando-as e fingindo que me estava a divertir a 100%.Ás vezes parece-me que preciso de um toque de gongue para me empurrar para o palco. Tenho tentado tudo ao meu alcance para apreciar isso ( e ainda tento, Deus, acreditem que tento, mas não é suficiente).Reconheço que eu e nós influenciámos e divertimos muita gente.Eu devo ser um desses narcisistas que só dá valor às coisas quando as perde. Sou muito susceptível. Tenho de estar já um pouco entorpecido para recuperar o entusiasmo que tinha quando era criança.Nas últimas 3 tournées consegui dar muito mais estima às pessoas que conheci pessoalmente e aos fãs da nossa música, mas mesmo assim não consegui ultrapassar a frustração, a culpa e a empatia que sinto por toda a gente. Há algo de bom em todos nós e eu simplesmente amo demasiado as pessoas. Amo-as tanto que faz-me sentir tão triste. O tristonho, susceptível, insensível, peixes, Jesus meu! Porque é que não gozas a cena? Eu não sei!Tenho por mulher uma deusa que transpira ambição e empatia… e uma filha que me faz lembrar demasiado de como eu costumava ser. Cheia de amor e alegria, metendo-se com toda a gente que encontra porque todas as pessoas são boas e ninguém lhe fará mal. E isso aterroriza-me ao ponto de quase não funcionar, não consigo imaginar que Frances poderá vir a ser o infeliz, auto-destrutivo, death rocker, em que eu me tornei. E correu-me tudo bem, tão bem e estou agradecido, mas desde os sete anos que odeio todos os seres humanos, de uma forma geral. Só porque parece tão fácil às pessoas conviverem e terem empatia. Empatia! Só porque eu amo e sinto pena das pessoas em excesso, talvez por isso.Agradeço-vos a todos da boca do meu estômago ardente e nauseado, as vossas cartas e a vossa preocupação ao longo dos últimos anos. Sou uma pessoa demasiado excêntrica, instável, criança! Perdi a paixão e lembrem-se: é melhor arder que esvanecer.Paz, amor, Empatia!Frances e Courtney estarei no vosso altarPor favor Courtney continuaPara FrancesPela sua vida que será bem mais feliz sem mim…Amo-vos, AMO-VOS"…
07/04/1994: Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, suicida-se no auge da fama
Em 07/04/1994: Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, comete suicídio no auge da fama com um tiro de espingarda na cabeça, sendo encontrado apenas cerca de dois dias depois. O corpo foi achado por um eletricista contratado para instalar equipamentos de segurança que arrombou uma janela após desconfiar que havia algo errado. Ao lado do cadáver foi encontrada uma nota de suicídio escrita com tinta vermelha, endereçada à mulher Courtney Love e à filha Frances. A grande quantidade de heroína encontrada em seu corpo leva um grupo mais desconfiado a supor que Kurt foi assassinado (por não ser possível a alguém tão dopado colocar a arma na cabeça e puxar o gatilho).
O último show do NIRVANA aconteceu no Terminal Einz, em Munique, Alemanha, em 1 de março. Um Kurt completamente estafado e com a voz visivelmente desgastada determina férias instantâneas - shows marcados para os dias 2 e 3 são cancelados e, depois, adiados para abril, quando a turnê européia teria sua segunda parte. Cobain é diagnosticado com bronquite e com uma grave laringite. Cobain vai para Roma, Itália, para descansar, se medicar e encontrar com Courtney Love. Courtney chega a Roma no dia 3 e encontra Kurt no Hotel Excelsior. O casal passou várias semanas sem se ver. As expectativas de Kurt pelo reencontro levam um banho de água gelada quando Courtney diz que está exausta e quer dormir. Quando ela acorda na manhãzinha do dia 4, Kurt está no chão, com o nariz sangrando. Ele havia tomado champanhe e cerca de 50 pílulas do tranqüilizante Rohypnol. Kurt deixa uma carta de despedida com três folhas, caracterizando a tentativa de sucídio. Mas, oficialmente, o fato é divulgado como uma dose excessiva e acidental de medicamentos. Na carta, Kurt diz que Courtney não o ama mais, e que ele preferia morrer a passar por mais um divórcio (o primeiro foi o de seus pais). Internado no hospital Umberto I, Kurt sai do coma no dia 5 e é transferido para o American Hospital, também em Roma. Recebe alta no dia 8 e volta para os Estados Unidos no dia 12.
Em 18 de março, Courtney chama a polícia de Seattle porque Kurt se trancou em um quarto da casa com um revólver. Os policiais conversam com ele, que afirma não ser um suicida e querer apenas ficar longe da esposa. Quatro armas que Cobain tem na casa são confiscadas.
Love planeja intervir seriamente nos problemas de Kurt, preocupada com seu vício em heroína. Dez pessoas envolveram-se no trabalho, incluindo colegas, amigos, executivos da gravadora e Dylan Carlson, um dos amigos mais íntimos de Kurt. Danny Goldberg, empresário do Nirvana, descreveu Cobain como sendo "extremamente relutante" e que "ele negava que estava fazendo qualquer coisa auto-destrutiva". Contudo, Cobain concordou em se internar no Exodus, em Los Angeles, Califórnia, que aconteceu em 30 de março. Courtney estava na mesma cidade promovendo o novo disco do Hole, "Live Through This". No dia 1º, por volta das 19:30h, Kurt saiu pelas portas dos fundos da Exodus sob o pretexto de fumar um cigarro e escalou o muro de pouco menos de dois metros de altura. E fugiu. Duas horas depois, Kurt usou seu cartão de crédito para comprar uma passagem de primeira classe para Seattle no vôo 788 da Delta. Antes de embarcar, ligou para a Seattle Limusine e marcou para ser apanhado no aeroporto - pediu explicitamente para que não enviassem uma limusine. Tentou falar com Courtney, mas ela não estava - deixou uma mensagem dizendo que havia ligado. Ela já o estava procurando em Los Angeles assim que soube que Kurt sairia do Exodus. Ficou convencida de que ele irira comprar drogas e provavelmente ter uma overdose. Kurt chegou em casa à 1:45h da manhã do sábado, 2 de abril. Ali, passou um tempo com o casal Cali e Jessica Hooper, colegas que estavam hospedados na casa. Horas depois, Kurt chamou um táxi e tentou comprar munição. Vendo que as lojas ainda estavam fechadas, Kurt desistiu e provavelmente se hospedou no motel Crest ou no Quest - que ficavam próximos de um de seus traficantes. Naquele dia ele também foi até a Seattle Guns e comprou uma caixa de cartuchos de espingarda calibre 20.
Com o intuito de descobrir o paradeiro de Kurt, Courtney cancelou todos os seus cartões de crédito. Nos dois dias que se seguiram, houve notícias dispersas de que Kurt havia sido visto. Na noite de domingo, 3, ele foi visto no restaurante Cactus, jantando com uma mulher magra, provavelmente sua traficante, Caitlin Moore, e um homem não identificado. Naquele domingo, Courtney ligou para detetives particulares das Páginas Amarelas de Los Angeles, até que encontrou um que estava trabalhando naquele fim de semana. Tom Grant e seu assistente Ben Klugman a visitaram naquela tarde. Ela disse que seu marido havia fugido do centro de reabilitação, que estava preocupada com a saúde dele e pediu a Grant que vigiasse o apartamento da traficante Caitlin Moore, onde ela imaginava que Kurt poderia estar. Grant subcontratou um detetive de Seattle, dando-lhe ordens para observar a casa de Dylan Carlson e o apartamento de Caitlin. A vigilância foi montada naquele mesmo domingo. Entretanto, os detetives não montaram guarda imediatamente na casa de Kurt, que ficava no Lake Washington Boulevard.
Na segunda-feira, 4, Courtney pediu que a polícia verificasse a casa em Lake Washington. Os policiais passaram por lá várias vezes, mas não viram nenhum movimento. Naquele dia, à noite, Cali saiu de casa, deixando Jessica sozinha no quarto dele. Por volta da meia-noite, ela ouviu ruídos. "Ouvi passos no andar de cima e no corredor", lembra ela. Gritou um "oi" mas não ouviu resposta. Estima-se que era Kurt chegando naquele começo de madrugada. Cali só voltou depois das três da manhã, e ele e Jessica dormiram até tarde da manhã seguinte.
Na tarde de terça-feira, 5, Courtney mandou Eric Erlandson, seu amigo e guitarrista do Hole, ir até a casa do Lake Washington procurar por Kurt. Ele encontrou-se com Cali e Jessica e os três procuraram por Kurt, armas e drogas. Tentativas todas em vão. Ninguém pensou em procurar na garagem e na estufa, e Erlandson saiu apressado rumo à casa em Carnation, onde a irmã de Kurt morava na ocasião. Na quarta, 6, Jessica e Cali deixaram a casa dos Cobain, mas na tarde de quinta, 7, Courtney conseguiu falar com o casal e ordenou que procurasse por Kurt mais uma vez na casa do Lake Washington. Os dois foram até lá juntos com uma amiga, Bonnie Dillard. Não encontraram nada e deixaram um bilhete com um sermão para Kurt e mandando-o procurar por Courtney. Logo que foram embora, Dillard mencionou que talvez tivesse visto algo perto da garagem, mas, amedontrados, ninguém quis voltar para checar.
Dois dias antes, 5, nas horas que antecediam a alvorada de terça feira, Kurt Cobain havia despertado em sua cama. Os travesserios ainda tinham o cheiro do perfume de Courtney. No quarto, o aroma misturou-se com o cheiro ligeiramente picante da heroína cozida - este também era um cheiro que o despertava.
Kurt havia dormido com suas roupas do corpo. Vestia sua camiseta da banda Half Japanese e suas calças Levi's favoritas. Vestiu e amarrou os cadarços do par de tênis Converse que possuia, caminhou até o aparelho de som e colocou para tocar um disco do R.E.M., "Automatic for the People". Acendeu um Camel Light e caiu de costas na cama com um bloco tamanho ofício apoiado em seu peito e uma caneta vermelha de ponta fina. Ele já havia escrito uma longa carta pessoal à sua esposa e filha, rapidamente rabiscada, enquanto estava no Exodus. Ele havia trazido o papel até Seattle e havia enfiado sob um dos travesseiros impregnados de perfume. "Você sabe, eu amo você. Eu amo Frances. Eu sinto muitíssimo. Por favor, não venha atrás de mim. Eu sinto muito, muito, muito.", eram algumas das palavras que Kurt havia escrito, enchendo uma página inteira com esse pedido de perdão. "Eu estarei lá", continuou ele. "Eu protegerei você. Não sei para onde estou indo. Simplesmente não posso ficar mais aqui."
Tinha sido muito difícil escrever aquele bilhete, mas ele sabia que esta segunda carta seria igualmente importante e ele precisaria ter cuidado com as palavras. Ele endereçava "Para Boddah", o nome de seu amigo de infância imaginário. Quando soltou a caneta, havia enchido a página inteira, exceto por cinco centímetros. Ele fumara três cigarros redigindo o bilhete. As palavras não tinham saído com facilidade e havia erros de grafia e sentenças pela metade. Ele assinou dizendo "paz, amor e empatia. Kurt Cobain". Escreveu ainda mais uma linha - "Frances e Courtney, eu estarei em seu altar" - e enfiou o papel e a caneta no bolso esquerdo do casaco.
Ele se levantou da cama e entrou no closet, onde retirou uma tábua da parede. Neste cubículo secreto havia uma arma dentro de uma capa de náilon bege, uma caixa de cartuchos de espingarda e uma caixa de charutos Tom Moore. Ele repôs a tábua, enfiou os cartuchos no bolso, agarrou a caixa de charutos e aninhou a pesada espingarda sobre seu antebraço esquerdo. Em um closet do corredor, ele apanhou duas toalhas - ele não precisava delas, mas sabia que alguém precisaria. Desceu silenciosamente os dezenove degraus da larga escadaria. Estava a cerca de um metro do quarto de Cali e não queria que ninguém o visse. Ele havia refletido sobre tudo isso, traçado um mapa com a mesma premeditação que dedicava às capas de seus discos e a seus vídeos. Haveria sangue, muito sangue, e uma bagunça que ele não queria em casa. Principalmente, ele não queria assombrar aquele lar, deixar sua filha com o tipo de pesadelos com que ele havia sofrido.
Quando se dirigia para a cozinha, passou pela soleira da porta onde ele e Courtney haviam começado a acompanhar o quanto Frances havia crescido. Apenas uma linha estava ali agora, uma pequena marca de lápis com o nome dela a cerca de 79 centímetros acima do chão. Kurt nunca mais veria outra marcas mais altas naquela parede, mas estava convencido de que a vida de sua filha seria melhor sem ele.
Na cozinha, ele abriu a porta de sua geladeira Traulson de aço inox de 10 mil dólares e apanhou uma lata de cerveja de raizes da Barq, tomando cuidado para não soltar a espingarda. Levando essa carga macabra - cerveja de raízes, toalhas, uma caixa de heroína e uma espingarda, tudo o que mais tarde seria encontrando num arranjo de plantas bizarro -, ele abriu a porta para o quintal e atravessou o pequeno pátio. A aurora estava rompendo e a neblina pairava próximo do chão. A maioria das manhãs em Aberdeen eram exatamente assim: nevoentas, orvalhadas, úmidas. Ele jamais veria Aberdeen novamente; jamais escalaria efetivamente até o topo da caixa d'água no "Morro do Think of Me"; jamais compraria a fazenda que sonhava em Grays Harbor; jamais acordaria novamente numa sala de espera de hospital tendo fingido ser um visitante para só encontrar um lugar quente para dormir; jamais veria novamente sua mãe, irmã, pai, mulher ou filha. Ele trilhou os cerca de vinte passos até a estufa, galgou os degraus de madeira e abriu o conjunto de portas francesas dos fundos. O piso era de linóleo: seria fácil de limpar.
Ele sentou-se no chão da estrutura de cômodo único, olhando para as portas da frente. Ninguém conseguiria vê-lo ali, a menos que estivesse trepado nas árvores atrás de sua propriedade, e isto não era provável. Não queria mais ver o interior de um hospital novamente, não queria um médico de jaleco branco apalpando-o, não queria ter um endoscópio em seu estômago dolorido. Ele estava acabado para aquilo tudo, acabado para o seu estômago, ele não poderia estar mais acabado. Como um grande diretor de filmes, ele havia planejado este momento até os mínimos detalhes, ensaiando esta cena ao mesmo tempo como diretor e como ator. No curso dos anos, tinha havido muitos ensaios finais, passagens de raspão que quase seguiam este caminho, fosse por acidente ou, às vezes, por querer, como em Roma. Talvez fora sempre isto que ele guardava vagamente em sua cabeça, como um ungüento precioso, como a única cura para uma dor que jamais passaria. Ele não se importava com a liberação do desejo, ele desejava a libertação da dor.
Ficou sentado pensando coisas que só ele sabia por vários minutos. Fumou cinco Camel Light e sorveu vários goles de sua cerveja. Tirou o bilhete do bolso, estendeu-o no chão do linóleo e tinha de escrever em letras maiores, que não saíram tão perfeitas, por causa da superfície que ele estava: "Por favor, vá em frente, Courtney, por Frances, pela vida dela que será muito mais feliz sem mim. Eu te amo. Eu te amo". Essas últimas palavras haviam completado a folha. Depositou o bilhete no alto de um monte de terra para vasos e fincou a caneta no meio, para que, como uma estaca, segurasse o papel no alto, sobre a terra.
Tirou a espingarda da capa de náilon macia. Dobrou cuidadosamente a capa, como um garotinho separando suas melhores roupas de domingo depois da missa. Tirou a jaqueta, estendeu-a sobre a capa e colocou as duas toalhas no alto desse monte. Ele foi até a pia e apanhou uma pequena quantidade de água para o seu fogareiro de droga e sentou-se novamente. Abriu a caixa com 25 cartuchos de espingarda e tirou três, enfiando-os na câmara da arma. Moveu o mecanismo da Remington para qu e um único cartucho estivesse na câmara. Retirou a trava de segurança da arma.
Fumou seu último Camel Light. Tomou mais um gole da Barq. Lá fora, estava começando um dia nublado - era um dia como aquele em que ele chegara a este mundo, 27 anos, um mês e dezesseis dias antes. Ele agarrou a caixa de charutos e tirou um pequeno saco plástico que continha cem dólares de heroína preta mexicana - era um bocado de heroína. Ele pegou cerca de metade, um chumaço do tamanho de uma borracha de lápis e o colocou na colher. Sistemática e habilmente, preparou a heroína e a seringa, injetando-a logo acima do cotovelo, não muito longe de seu "K" tatuado. Devolveu os instrumentos para a caixa e se sentiu uma nuvem, rapidamente flutuando para longe deste lugar. O jainismo pregava que havia trinta céus e sete infernos, todos dispostos em camadas ao longo de nossas vidas; se ele tivesse sorte, este seria seu sétimo e último inferno. Afastou para o lado seus instrumentos, flutuando cada vez mais rápido, sentindo sua respiração se reduzir. Ele tinha de se apressar agora: tudo estava se tornando nebuloso e um matiz verde-água enquadrava cada objeto. Agarrou a pesada espingarda, encostou o cano contra o céu de sua boca. Faria barulho; ele tinha certeza disso. Disparou. E então ele se foi.
O corpo de Kurt Cobain foi encontrado pelo eletricista Gary Smith, que chegou à casa do Lake Washington para instalar um novo sistema de segurança. Às 8:40h da sexta-feira, 8, Smith estava perto da estufa e olhou para dentro dela. "Eu vi um corpo estendido lá no chão. Pensei que fosse um manequim. Depois notei que havia sangue na orelha direita. Vi uma espingarda estendida ao longo de seu peito, apontando para seu queixo", relatou Gary. Ele ligou para a polícia e, em seguida, para sua empresa.
Enquanto isso, em Los Angeles, Courtney havia sido internada no Exodus na quinta-feira, 7, para reabilitação. Na sexta, recebeu a notícia da morte de Kurt através da colega Rosemary Carroll. Courtney deixou a cidade num Learjet com Frances, Rosemary, Eric Erlandson e a babá Jeackie Farry. Quando chegaram à casa do Lake Washington, ela estava cercada por equipes dos telejornais.
Foi possível identificar o cadáver como sendo de Kurt, embora seu aspecto fosse macabro: as centenas de bolinhas de chumbo do cartucho da espingarda haviam espandido sua cabeça e o haviam desfigurado. A polícia retirou as digitais do corpo e as impressões batiam com àquelas já arquivadas no caso da prisão por violência doméstica.
A autópsia encontrou traços de benzodiazepinas (tranquilizantes) e heroína no sangue de Kurt. O nível de heroína era tão algo que mesmo ele - famoso pela enorme quantidade que tomava - não poderia ter sobrevivido por muito mais tempo do que aquele que levou para disparar a arma.
Courtney estava inconsolável. Quando os policiais finalmente deixaram o local, e com apenas um guarda de segurança como testemunha, ela reconstitiu os últimos passos de Kurt, entrou na estufa - que ainda tinha de ser limpa - e mergulhou as mãos em seu sangue. No chão, ajoelhada, ela rezou e gemeu de dor, erguendo as mãos cobertas de sangue para o céu e gritou: "Por quê?!". Ela encontrou um pequeno fragmento do crânio de Kurt com cabelo preso a ele. Ela lavou e passou xampu nesse horripilante suvenir.
No sábado, 9, Courtney foi até a agência funerária para ver o corpo de Kurt antes de ser cremado - ela já tinha solicidado que fossem feito moldes de gesso de suas mãos. Grohl tambem foi convidado e declinou, mas Krist compareceu, chegando antes de Courtney. Ele passou alguns momentos a sós com seu velho amigo e desatou a chorar. Quando ele saía, Courtney foi introduzida na sala de inspeção. Kurt estava sobre uma mesa, vestido com suas roupas mais elegantes, mas seus olhos tinham sido costurados. Era a primeira vez em dez dias que a Courtney viu o marido e foi a última vez que seus corpos físicos ficaram juntos. Ela acariciou seu rosto, falou com ele e cortou uma mecha de seus cabelos. Depois, baixou as calças dele e cortou uma mecha de seus pêlos púbicos. Finalmente, ela subiu em cima de seu corpo, abraçando-o com as pernas e recostou a cabeça em seu peito e lamentou: "Por quê, por quê?".
Diversas cerimônias foram realizadas em memória de Kurt. Umas das mais notáveis aconteceu numa tarde de domingo: uma vigília pública foi realizada no Pavilhão da Bandeira do Seattle Centre e reuniu 7 mil pessoas, que levaram velas, flores, cartazes e algumas camisas de flanela em chamas. Um conselheiro de suicídio discursou e incentivou os jovens em dificuldades a pedirem ajuda, enquanto os DJs lcocais trocavam recordações. Uma mensagem curta de Krist foi divulgada, bem como uma fita de Courtney, que leu também a carta de despedida de Kurt.
O corpo de Kurt Cobain foi cremado e Courtney recebeu a urna com as cinzas uma semana depois. Ela pegou um punhado e o enterrou sob um salgueiro na frente da casa. Em maio, colocou o resto numa mochila de ursinho e viajou até o mosteiro budista Namgyal, perto de Ítaca, estado de Nova York, onde procurou consagração para as cinzas e absolvição pra si mesma. Os monges abençoaram os restos e usaram um punhado para fazer uma escultura comemorativa.
A maior parte dos restos mortais de Kurt ficou depositada em uma urna no endereço do Lake Washington, até 1997, quando Courtney vendeu casa, mas insistiu num arcordo que lhe permite voltar um dia e remover o salgueiro.
Por fim, Frances Bean Cobain, então com seis anos de idade, espalhou as cinzas do pai no riacho McLane, em Olympia, Washington - elas dissolveram e flutuaram na corrente. Em diversos sentidos, este era, também, um local adequado para o descanso.
Em 18 de março, Courtney chama a polícia de Seattle porque Kurt se trancou em um quarto da casa com um revólver. Os policiais conversam com ele, que afirma não ser um suicida e querer apenas ficar longe da esposa. Quatro armas que Cobain tem na casa são confiscadas.
Love planeja intervir seriamente nos problemas de Kurt, preocupada com seu vício em heroína. Dez pessoas envolveram-se no trabalho, incluindo colegas, amigos, executivos da gravadora e Dylan Carlson, um dos amigos mais íntimos de Kurt. Danny Goldberg, empresário do Nirvana, descreveu Cobain como sendo "extremamente relutante" e que "ele negava que estava fazendo qualquer coisa auto-destrutiva". Contudo, Cobain concordou em se internar no Exodus, em Los Angeles, Califórnia, que aconteceu em 30 de março. Courtney estava na mesma cidade promovendo o novo disco do Hole, "Live Through This". No dia 1º, por volta das 19:30h, Kurt saiu pelas portas dos fundos da Exodus sob o pretexto de fumar um cigarro e escalou o muro de pouco menos de dois metros de altura. E fugiu. Duas horas depois, Kurt usou seu cartão de crédito para comprar uma passagem de primeira classe para Seattle no vôo 788 da Delta. Antes de embarcar, ligou para a Seattle Limusine e marcou para ser apanhado no aeroporto - pediu explicitamente para que não enviassem uma limusine. Tentou falar com Courtney, mas ela não estava - deixou uma mensagem dizendo que havia ligado. Ela já o estava procurando em Los Angeles assim que soube que Kurt sairia do Exodus. Ficou convencida de que ele irira comprar drogas e provavelmente ter uma overdose. Kurt chegou em casa à 1:45h da manhã do sábado, 2 de abril. Ali, passou um tempo com o casal Cali e Jessica Hooper, colegas que estavam hospedados na casa. Horas depois, Kurt chamou um táxi e tentou comprar munição. Vendo que as lojas ainda estavam fechadas, Kurt desistiu e provavelmente se hospedou no motel Crest ou no Quest - que ficavam próximos de um de seus traficantes. Naquele dia ele também foi até a Seattle Guns e comprou uma caixa de cartuchos de espingarda calibre 20.
Com o intuito de descobrir o paradeiro de Kurt, Courtney cancelou todos os seus cartões de crédito. Nos dois dias que se seguiram, houve notícias dispersas de que Kurt havia sido visto. Na noite de domingo, 3, ele foi visto no restaurante Cactus, jantando com uma mulher magra, provavelmente sua traficante, Caitlin Moore, e um homem não identificado. Naquele domingo, Courtney ligou para detetives particulares das Páginas Amarelas de Los Angeles, até que encontrou um que estava trabalhando naquele fim de semana. Tom Grant e seu assistente Ben Klugman a visitaram naquela tarde. Ela disse que seu marido havia fugido do centro de reabilitação, que estava preocupada com a saúde dele e pediu a Grant que vigiasse o apartamento da traficante Caitlin Moore, onde ela imaginava que Kurt poderia estar. Grant subcontratou um detetive de Seattle, dando-lhe ordens para observar a casa de Dylan Carlson e o apartamento de Caitlin. A vigilância foi montada naquele mesmo domingo. Entretanto, os detetives não montaram guarda imediatamente na casa de Kurt, que ficava no Lake Washington Boulevard.
Na segunda-feira, 4, Courtney pediu que a polícia verificasse a casa em Lake Washington. Os policiais passaram por lá várias vezes, mas não viram nenhum movimento. Naquele dia, à noite, Cali saiu de casa, deixando Jessica sozinha no quarto dele. Por volta da meia-noite, ela ouviu ruídos. "Ouvi passos no andar de cima e no corredor", lembra ela. Gritou um "oi" mas não ouviu resposta. Estima-se que era Kurt chegando naquele começo de madrugada. Cali só voltou depois das três da manhã, e ele e Jessica dormiram até tarde da manhã seguinte.
Na tarde de terça-feira, 5, Courtney mandou Eric Erlandson, seu amigo e guitarrista do Hole, ir até a casa do Lake Washington procurar por Kurt. Ele encontrou-se com Cali e Jessica e os três procuraram por Kurt, armas e drogas. Tentativas todas em vão. Ninguém pensou em procurar na garagem e na estufa, e Erlandson saiu apressado rumo à casa em Carnation, onde a irmã de Kurt morava na ocasião. Na quarta, 6, Jessica e Cali deixaram a casa dos Cobain, mas na tarde de quinta, 7, Courtney conseguiu falar com o casal e ordenou que procurasse por Kurt mais uma vez na casa do Lake Washington. Os dois foram até lá juntos com uma amiga, Bonnie Dillard. Não encontraram nada e deixaram um bilhete com um sermão para Kurt e mandando-o procurar por Courtney. Logo que foram embora, Dillard mencionou que talvez tivesse visto algo perto da garagem, mas, amedontrados, ninguém quis voltar para checar.
Dois dias antes, 5, nas horas que antecediam a alvorada de terça feira, Kurt Cobain havia despertado em sua cama. Os travesserios ainda tinham o cheiro do perfume de Courtney. No quarto, o aroma misturou-se com o cheiro ligeiramente picante da heroína cozida - este também era um cheiro que o despertava.
Kurt havia dormido com suas roupas do corpo. Vestia sua camiseta da banda Half Japanese e suas calças Levi's favoritas. Vestiu e amarrou os cadarços do par de tênis Converse que possuia, caminhou até o aparelho de som e colocou para tocar um disco do R.E.M., "Automatic for the People". Acendeu um Camel Light e caiu de costas na cama com um bloco tamanho ofício apoiado em seu peito e uma caneta vermelha de ponta fina. Ele já havia escrito uma longa carta pessoal à sua esposa e filha, rapidamente rabiscada, enquanto estava no Exodus. Ele havia trazido o papel até Seattle e havia enfiado sob um dos travesseiros impregnados de perfume. "Você sabe, eu amo você. Eu amo Frances. Eu sinto muitíssimo. Por favor, não venha atrás de mim. Eu sinto muito, muito, muito.", eram algumas das palavras que Kurt havia escrito, enchendo uma página inteira com esse pedido de perdão. "Eu estarei lá", continuou ele. "Eu protegerei você. Não sei para onde estou indo. Simplesmente não posso ficar mais aqui."
Tinha sido muito difícil escrever aquele bilhete, mas ele sabia que esta segunda carta seria igualmente importante e ele precisaria ter cuidado com as palavras. Ele endereçava "Para Boddah", o nome de seu amigo de infância imaginário. Quando soltou a caneta, havia enchido a página inteira, exceto por cinco centímetros. Ele fumara três cigarros redigindo o bilhete. As palavras não tinham saído com facilidade e havia erros de grafia e sentenças pela metade. Ele assinou dizendo "paz, amor e empatia. Kurt Cobain". Escreveu ainda mais uma linha - "Frances e Courtney, eu estarei em seu altar" - e enfiou o papel e a caneta no bolso esquerdo do casaco.
Ele se levantou da cama e entrou no closet, onde retirou uma tábua da parede. Neste cubículo secreto havia uma arma dentro de uma capa de náilon bege, uma caixa de cartuchos de espingarda e uma caixa de charutos Tom Moore. Ele repôs a tábua, enfiou os cartuchos no bolso, agarrou a caixa de charutos e aninhou a pesada espingarda sobre seu antebraço esquerdo. Em um closet do corredor, ele apanhou duas toalhas - ele não precisava delas, mas sabia que alguém precisaria. Desceu silenciosamente os dezenove degraus da larga escadaria. Estava a cerca de um metro do quarto de Cali e não queria que ninguém o visse. Ele havia refletido sobre tudo isso, traçado um mapa com a mesma premeditação que dedicava às capas de seus discos e a seus vídeos. Haveria sangue, muito sangue, e uma bagunça que ele não queria em casa. Principalmente, ele não queria assombrar aquele lar, deixar sua filha com o tipo de pesadelos com que ele havia sofrido.
Quando se dirigia para a cozinha, passou pela soleira da porta onde ele e Courtney haviam começado a acompanhar o quanto Frances havia crescido. Apenas uma linha estava ali agora, uma pequena marca de lápis com o nome dela a cerca de 79 centímetros acima do chão. Kurt nunca mais veria outra marcas mais altas naquela parede, mas estava convencido de que a vida de sua filha seria melhor sem ele.
Na cozinha, ele abriu a porta de sua geladeira Traulson de aço inox de 10 mil dólares e apanhou uma lata de cerveja de raizes da Barq, tomando cuidado para não soltar a espingarda. Levando essa carga macabra - cerveja de raízes, toalhas, uma caixa de heroína e uma espingarda, tudo o que mais tarde seria encontrando num arranjo de plantas bizarro -, ele abriu a porta para o quintal e atravessou o pequeno pátio. A aurora estava rompendo e a neblina pairava próximo do chão. A maioria das manhãs em Aberdeen eram exatamente assim: nevoentas, orvalhadas, úmidas. Ele jamais veria Aberdeen novamente; jamais escalaria efetivamente até o topo da caixa d'água no "Morro do Think of Me"; jamais compraria a fazenda que sonhava em Grays Harbor; jamais acordaria novamente numa sala de espera de hospital tendo fingido ser um visitante para só encontrar um lugar quente para dormir; jamais veria novamente sua mãe, irmã, pai, mulher ou filha. Ele trilhou os cerca de vinte passos até a estufa, galgou os degraus de madeira e abriu o conjunto de portas francesas dos fundos. O piso era de linóleo: seria fácil de limpar.
Ele sentou-se no chão da estrutura de cômodo único, olhando para as portas da frente. Ninguém conseguiria vê-lo ali, a menos que estivesse trepado nas árvores atrás de sua propriedade, e isto não era provável. Não queria mais ver o interior de um hospital novamente, não queria um médico de jaleco branco apalpando-o, não queria ter um endoscópio em seu estômago dolorido. Ele estava acabado para aquilo tudo, acabado para o seu estômago, ele não poderia estar mais acabado. Como um grande diretor de filmes, ele havia planejado este momento até os mínimos detalhes, ensaiando esta cena ao mesmo tempo como diretor e como ator. No curso dos anos, tinha havido muitos ensaios finais, passagens de raspão que quase seguiam este caminho, fosse por acidente ou, às vezes, por querer, como em Roma. Talvez fora sempre isto que ele guardava vagamente em sua cabeça, como um ungüento precioso, como a única cura para uma dor que jamais passaria. Ele não se importava com a liberação do desejo, ele desejava a libertação da dor.
Ficou sentado pensando coisas que só ele sabia por vários minutos. Fumou cinco Camel Light e sorveu vários goles de sua cerveja. Tirou o bilhete do bolso, estendeu-o no chão do linóleo e tinha de escrever em letras maiores, que não saíram tão perfeitas, por causa da superfície que ele estava: "Por favor, vá em frente, Courtney, por Frances, pela vida dela que será muito mais feliz sem mim. Eu te amo. Eu te amo". Essas últimas palavras haviam completado a folha. Depositou o bilhete no alto de um monte de terra para vasos e fincou a caneta no meio, para que, como uma estaca, segurasse o papel no alto, sobre a terra.
Tirou a espingarda da capa de náilon macia. Dobrou cuidadosamente a capa, como um garotinho separando suas melhores roupas de domingo depois da missa. Tirou a jaqueta, estendeu-a sobre a capa e colocou as duas toalhas no alto desse monte. Ele foi até a pia e apanhou uma pequena quantidade de água para o seu fogareiro de droga e sentou-se novamente. Abriu a caixa com 25 cartuchos de espingarda e tirou três, enfiando-os na câmara da arma. Moveu o mecanismo da Remington para qu e um único cartucho estivesse na câmara. Retirou a trava de segurança da arma.
Fumou seu último Camel Light. Tomou mais um gole da Barq. Lá fora, estava começando um dia nublado - era um dia como aquele em que ele chegara a este mundo, 27 anos, um mês e dezesseis dias antes. Ele agarrou a caixa de charutos e tirou um pequeno saco plástico que continha cem dólares de heroína preta mexicana - era um bocado de heroína. Ele pegou cerca de metade, um chumaço do tamanho de uma borracha de lápis e o colocou na colher. Sistemática e habilmente, preparou a heroína e a seringa, injetando-a logo acima do cotovelo, não muito longe de seu "K" tatuado. Devolveu os instrumentos para a caixa e se sentiu uma nuvem, rapidamente flutuando para longe deste lugar. O jainismo pregava que havia trinta céus e sete infernos, todos dispostos em camadas ao longo de nossas vidas; se ele tivesse sorte, este seria seu sétimo e último inferno. Afastou para o lado seus instrumentos, flutuando cada vez mais rápido, sentindo sua respiração se reduzir. Ele tinha de se apressar agora: tudo estava se tornando nebuloso e um matiz verde-água enquadrava cada objeto. Agarrou a pesada espingarda, encostou o cano contra o céu de sua boca. Faria barulho; ele tinha certeza disso. Disparou. E então ele se foi.
O corpo de Kurt Cobain foi encontrado pelo eletricista Gary Smith, que chegou à casa do Lake Washington para instalar um novo sistema de segurança. Às 8:40h da sexta-feira, 8, Smith estava perto da estufa e olhou para dentro dela. "Eu vi um corpo estendido lá no chão. Pensei que fosse um manequim. Depois notei que havia sangue na orelha direita. Vi uma espingarda estendida ao longo de seu peito, apontando para seu queixo", relatou Gary. Ele ligou para a polícia e, em seguida, para sua empresa.
Enquanto isso, em Los Angeles, Courtney havia sido internada no Exodus na quinta-feira, 7, para reabilitação. Na sexta, recebeu a notícia da morte de Kurt através da colega Rosemary Carroll. Courtney deixou a cidade num Learjet com Frances, Rosemary, Eric Erlandson e a babá Jeackie Farry. Quando chegaram à casa do Lake Washington, ela estava cercada por equipes dos telejornais.
Foi possível identificar o cadáver como sendo de Kurt, embora seu aspecto fosse macabro: as centenas de bolinhas de chumbo do cartucho da espingarda haviam espandido sua cabeça e o haviam desfigurado. A polícia retirou as digitais do corpo e as impressões batiam com àquelas já arquivadas no caso da prisão por violência doméstica.
A autópsia encontrou traços de benzodiazepinas (tranquilizantes) e heroína no sangue de Kurt. O nível de heroína era tão algo que mesmo ele - famoso pela enorme quantidade que tomava - não poderia ter sobrevivido por muito mais tempo do que aquele que levou para disparar a arma.
Courtney estava inconsolável. Quando os policiais finalmente deixaram o local, e com apenas um guarda de segurança como testemunha, ela reconstitiu os últimos passos de Kurt, entrou na estufa - que ainda tinha de ser limpa - e mergulhou as mãos em seu sangue. No chão, ajoelhada, ela rezou e gemeu de dor, erguendo as mãos cobertas de sangue para o céu e gritou: "Por quê?!". Ela encontrou um pequeno fragmento do crânio de Kurt com cabelo preso a ele. Ela lavou e passou xampu nesse horripilante suvenir.
No sábado, 9, Courtney foi até a agência funerária para ver o corpo de Kurt antes de ser cremado - ela já tinha solicidado que fossem feito moldes de gesso de suas mãos. Grohl tambem foi convidado e declinou, mas Krist compareceu, chegando antes de Courtney. Ele passou alguns momentos a sós com seu velho amigo e desatou a chorar. Quando ele saía, Courtney foi introduzida na sala de inspeção. Kurt estava sobre uma mesa, vestido com suas roupas mais elegantes, mas seus olhos tinham sido costurados. Era a primeira vez em dez dias que a Courtney viu o marido e foi a última vez que seus corpos físicos ficaram juntos. Ela acariciou seu rosto, falou com ele e cortou uma mecha de seus cabelos. Depois, baixou as calças dele e cortou uma mecha de seus pêlos púbicos. Finalmente, ela subiu em cima de seu corpo, abraçando-o com as pernas e recostou a cabeça em seu peito e lamentou: "Por quê, por quê?".
Diversas cerimônias foram realizadas em memória de Kurt. Umas das mais notáveis aconteceu numa tarde de domingo: uma vigília pública foi realizada no Pavilhão da Bandeira do Seattle Centre e reuniu 7 mil pessoas, que levaram velas, flores, cartazes e algumas camisas de flanela em chamas. Um conselheiro de suicídio discursou e incentivou os jovens em dificuldades a pedirem ajuda, enquanto os DJs lcocais trocavam recordações. Uma mensagem curta de Krist foi divulgada, bem como uma fita de Courtney, que leu também a carta de despedida de Kurt.
O corpo de Kurt Cobain foi cremado e Courtney recebeu a urna com as cinzas uma semana depois. Ela pegou um punhado e o enterrou sob um salgueiro na frente da casa. Em maio, colocou o resto numa mochila de ursinho e viajou até o mosteiro budista Namgyal, perto de Ítaca, estado de Nova York, onde procurou consagração para as cinzas e absolvição pra si mesma. Os monges abençoaram os restos e usaram um punhado para fazer uma escultura comemorativa.
A maior parte dos restos mortais de Kurt ficou depositada em uma urna no endereço do Lake Washington, até 1997, quando Courtney vendeu casa, mas insistiu num arcordo que lhe permite voltar um dia e remover o salgueiro.
Por fim, Frances Bean Cobain, então com seis anos de idade, espalhou as cinzas do pai no riacho McLane, em Olympia, Washington - elas dissolveram e flutuaram na corrente. Em diversos sentidos, este era, também, um local adequado para o descanso.
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