"A tecnologia digital é a arte de criar necessidades desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis." (Joelmir Beting)
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Governador participa da Conferência Estadual de Educação
A abertura do evento acontece no auditório da Secretaria de Educação, nesta quarta feira (18).
Com informações, ac.gov
Com o tema "Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação", começa nesta quarta-feira, 18, a Conferência Estadual de Educação. A abertura do evento será no auditório da Secretaria de Educação, em Rio Branco, às 18 horas, e contará com a presença do governador Binho Marques, que na ocasião fará uma palestra para os participantes sobre os avanços obtidos na área pelo Estado e as perspectivas futuras.
Participam do encontro, que tem como objetivo traçar propostas para a melhoria do Plano Nacional de Educação, englobando todos os níveis do ensino, professores, alunos, pais, gestores, secretários municipais, coordenadores dos núcleos de educação do Estado nos municípios, conselhos de educação, além de entidades da sociedade civil organizada.
No último dia de discussões, 20 de novembro, as propostas votadas e eleitas pelos 160 delegados farão parte de um documento para ser apresentado durante a Conferência Nacional de Educação (Conae), que acontecerá no mês de abril de 2010, em Brasília. Este documento final será a referência prioritária na construção do Sistema Nacional Articulado de Educação. O Acre tem direito a 25 delegados para a etapa nacional.
De acordo com o coordenador da Conae no Acre, Luis Reis, o encontro promoverá o aprofundamento das necessidades do setor educacional em todos os níveis de ensino, tanto em âmbito local, quanto regional, já que as 22 cidades acreanas participaram efetivamente dos debates municipais ocorridos no primeiro semestre de 2009. "Esta fase culmina com uma síntese de propostas e acréscimo de outras. Esperamos que o Acre possa dar uma contribuição muito importante para a educação brasileira no Plano Nacional de Educação", afirma Luis.
Luis Reis ressalta ainda que o Acre tem muito a mostrar em Brasília, pois a política educacional definida no Estado já contempla algumas propostas que estão dentro dos eixos temáticos da Conae. "Podemos destacar entre as várias iniciativas, a gestão democrática e autonomia financeira das escolas, além da valorização dos profissionais da educação".
A Conferência Nacional de Educação - CONAE é uma iniciativa democrática onde a sociedade vai poder expressar sua opinião e construir de forma coletiva os rumos da Educação Nacional. Promovida pelo Ministério da Educação, o debate nacional vai discutir temas importantes como financiamento, qualidade e valorização dos profissionais da educação, justiça social, gestão democrática entre outros.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Dia histórico para o Acre
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Tratado de Petrópolis completa 106 anos
Assinatura de documento encerrou a disputa entre Brasil e Bolívia e marcou um momento importante na trajetória de surgimento do estado amazônico
Nesta terça-feira o Acre comemora 106 anos da assinatura do Tratado de Petrópolis, documento de intenção que oficializou a permuta e finaliza uma disputa entre o Brasil e a Bolívia em 17 de novembro de 1903, pelas terras onde hoje se localiza o Estado do Acre. A data será marcada este ano pela entrega de 106 obras e ações do Governo do Estado à população do Acre em diversas áreas como educação, infraestrutura, formação profissional, melhoria da malha viária rural, expansão da rede de energia. Os investimentos somam mais de R$ 146 milhões aplicados no desenvolvimento de ações em todos os municípios do Estado.
O Tratado de Permuta de Territórios e outras Compensações, conhecido como Tratado de Petrópolis por ter sido assinado naquela cidade do Rio de Janeiro, recebeu a intermediação do diplomata José Maria Paranhos Júnior, o Barão de Rio Branco, passou a valer de fato com a assinatura do Decreto N° 5.161, de 10 de março de 1904. Foi a partir desta data que as terras pertencentes à Bolívia foram incorporadas definitivamente ao Brasil. O acordo custou aos cofres brasileiros 2 milhões de libras esterlinas, pagos à Bolívia, e mais 110 mil libras esterlinas como pagamento de multa ao Bolivian Syndicate que dois anos antes havia assinado contrato de arrendamento para explorar os seringais acreanos no período de maior crescimento da extração da borracha.
O documento, que contém dados detalhados sobre o traçado das terras que pertenceriam ao atual Estado do Acre, previa ainda a cessão de terras para a Bolívia na região do Estado de Mato Grosso e a construção pelo governo brasileiro da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com o objetivo de transportar a borracha boliviana. As obras da ferrovia começaram apenas em 1907 e concluídas em 1912 com um saldo negativo de 10 mil trabalhadores mortos, vítimas de doenças tropicais e acidentes ao longo dos 366 km do percurso.
Não era somente a questão territorial o motivo da disputa entre o Brasil e Bolívia. A região continha uma das matérias-primas mais cobiçadas e valorizadas economicamente em todo o mundo, o látex. O abandono em que se encontravam os seringueiros que se destacaram para a região da Amazônia, o inconformismo pelas condições de trabalho gerou a revolta desta população desde 1899, data da proclamação do Estado Independente, sob o comando Luis Galvez Rodríguez de Arias e termina em 1903, com a vitória da disputa liderada pelo coronel José Plácido de Castro encerrando a Revolução Acreana chegou com a assinatura do Tratado de Petrópolis.
No ano passado, durante as comemorações dos 105 anos de assinatura do Tratado de Petrópolis o governador Binho Marques anunciou o início das obras da quarta ponte sobre o rio Acre e autoriza a licitação para o novo eixo viário que compõe o Plano Diretor de Trânsito de Rio Branco.
Já neste ano, para encerrar a programação, o Governo do Estado promove show da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, realizado após a entrega das obras de duplicação e urbanização da Rodovia AC-90, em Senador Guiomard. O show será aberto ao público. “O Acre que lutou para ser Brasil, só se confirmou depois do Tratado de Petrópolis. Então, estamos preparando realmente uma comemoração em alto estilo”, afirmou Binho Marques no Programa de Rádio Dois Dedos de Prosa, nesta segunda-feira, 16, onde ele falou sobre essa data e programação especial.
Tratado de Petrópolis completa 106 anos
Assinatura de documento encerrou a disputa entre Brasil e Bolívia e marcou um momento importante na trajetória de surgimento do estado amazônico
Nesta terça-feira o Acre comemora 106 anos da assinatura do Tratado de Petrópolis, documento de intenção que oficializou a permuta e finaliza uma disputa entre o Brasil e a Bolívia em 17 de novembro de 1903, pelas terras onde hoje se localiza o Estado do Acre. A data será marcada este ano pela entrega de 106 obras e ações do Governo do Estado à população do Acre em diversas áreas como educação, infraestrutura, formação profissional, melhoria da malha viária rural, expansão da rede de energia. Os investimentos somam mais de R$ 146 milhões aplicados no desenvolvimento de ações em todos os municípios do Estado.
O Tratado de Permuta de Territórios e outras Compensações, conhecido como Tratado de Petrópolis por ter sido assinado naquela cidade do Rio de Janeiro, recebeu a intermediação do diplomata José Maria Paranhos Júnior, o Barão de Rio Branco, passou a valer de fato com a assinatura do Decreto N° 5.161, de 10 de março de 1904. Foi a partir desta data que as terras pertencentes à Bolívia foram incorporadas definitivamente ao Brasil. O acordo custou aos cofres brasileiros 2 milhões de libras esterlinas, pagos à Bolívia, e mais 110 mil libras esterlinas como pagamento de multa ao Bolivian Syndicate que dois anos antes havia assinado contrato de arrendamento para explorar os seringais acreanos no período de maior crescimento da extração da borracha.
O documento, que contém dados detalhados sobre o traçado das terras que pertenceriam ao atual Estado do Acre, previa ainda a cessão de terras para a Bolívia na região do Estado de Mato Grosso e a construção pelo governo brasileiro da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com o objetivo de transportar a borracha boliviana. As obras da ferrovia começaram apenas em 1907 e concluídas em 1912 com um saldo negativo de 10 mil trabalhadores mortos, vítimas de doenças tropicais e acidentes ao longo dos 366 km do percurso.
Não era somente a questão territorial o motivo da disputa entre o Brasil e Bolívia. A região continha uma das matérias-primas mais cobiçadas e valorizadas economicamente em todo o mundo, o látex. O abandono em que se encontravam os seringueiros que se destacaram para a região da Amazônia, o inconformismo pelas condições de trabalho gerou a revolta desta população desde 1899, data da proclamação do Estado Independente, sob o comando Luis Galvez Rodríguez de Arias e termina em 1903, com a vitória da disputa liderada pelo coronel José Plácido de Castro encerrando a Revolução Acreana chegou com a assinatura do Tratado de Petrópolis.
No ano passado, durante as comemorações dos 105 anos de assinatura do Tratado de Petrópolis o governador Binho Marques anunciou o início das obras da quarta ponte sobre o rio Acre e autoriza a licitação para o novo eixo viário que compõe o Plano Diretor de Trânsito de Rio Branco.
Já neste ano, para encerrar a programação, o Governo do Estado promove show da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, realizado após a entrega das obras de duplicação e urbanização da Rodovia AC-90, em Senador Guiomard. O show será aberto ao público. “O Acre que lutou para ser Brasil, só se confirmou depois do Tratado de Petrópolis. Então, estamos preparando realmente uma comemoração em alto estilo”, afirmou Binho Marques no Programa de Rádio Dois Dedos de Prosa, nesta segunda-feira, 16, onde ele falou sobre essa data e programação especial.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Assembléia Aberta chega a Porto Walter
A finalidade dos parlamentares é debater com a população soluções para os problemas dos municípios
“Quem mora na capital ou nos municípios próximos pode se organizar e pressionar o parlamento e o Governo por meio de reivindicações, mas quem mora nas comunidades mais isoladas é muito mais difícil de reivindicar e cobrar seus direitos”, disse Edvaldo Magalhães.
Depois de debaterem com as autoridades e toda a população de Marechal Thaumaturgo durante toda a tarde de quarta-feira, 12. Os deputados desembarcaram na manhã desta quinta feira (12), no município de Porto Walter para seguir toda a programação do Projeto Assembléia Aberta. Recebidos pela comunidade local, na escola Manoel Moreira Pinheiro. Os trabalhos vêm sendo realizados com grupos temáticos formados pelas lideranças da cidade que vão expressar os problemas vivenciados na região nas áreas de infraestrutura, agricultura, saúde, educação e outras questões fundamentais para a população que vive isolada.
A chegada dos parlamentares a Porto Walter, que fica á 6h de viagem de barco de Cruzeiro do Sul segunda maior cidade do Estado do Acre. Os parlamentares desembarcavam em diversos vôos vindos de Marechal Thaumaturgo, onde começou a primeira visita aos municípios mais isolados da região do Vale do Juruá. Concluindo a segunda etapa das várias visitas da Assembléia Aberta aos municípios do Acre.
Liderada pelo presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Acre, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), a Assembléia Aberta tem a finalidade de propor ao orçamento do Estado os necessários investimentos aos municípios. Outro fator primordial com a presença dos parlamentares visa agilizar alguns programas de parcerias com as prefeituras e governos Estaduais e Federais que muitas vezes ficam emperrados por questões burocráticas prejudicando a população. Com a presença das autoridades a agilidade para resolver esses tipos de problemas muitas vezes se torna de imediato.
Para Edvaldo, todo o trabalho está sendo satisfatório, por poder ouvir a população que muitas vezes tem dificuldades de cobrar as ações do poder público em sua região. “Quem mora na capital ou nos municípios próximos pode se organizar e pressionar o parlamento e o Governo por meio de reivindicações feitas em forma de protesto e manifestações. Mas quem mora nessas regiões de difícil acesso, e que tem uma população trabalhadora e acolhedora, que precisa ser ouvida. E muito mais difícil. Esse projeto da Assembléia Aberta tem que contemplar as reais necessidades colhidas nos grupos temáticos que dirá o que realmente a população precisa”, disse Magalhães.
O presidente da Assembléia agradeceu ainda, o apoio que teve da prefeitura do município em nome do prefeito Neuzari Pinheiro. Destacando a presença dos 16 deputados que estão dispostos a mudar as formas de se ouvir a população. “Temos que vim até essas regiões, para sabermos aonde podemos contribuir para melhorar a qualidade de vida deles. E nossa missão é essa, sermos o interlocutor entre a população e o Governos”, ressaltou Edvaldo.
Comentário dos deputados;
Walter Prado (PDT) – “É de grande importância sabermos que essa população com todas as dificuldades que enfrentam sempre acreditam em melhores condições de vida. Isso que nós dá animo e energia para continuarmos trabalhando para trazer os benefícios que eles tanto precisam”
Antônia Sales (PMDB) – “A população do município de Porto Walter é um povo guerreiro e que ama sua terra e nós como representantes desse povo, devemos lutar incansavelmente para melhorar a qualidade de vida de todos eles”
Luiz Calixto (PSL) – “Vemos na Assembléia Aberta os gerentes de bancos, empresários assessores de parlamentares e do Governo. Mas não vemos é gerentes da Secretária de Estado de Saúde, Educação e outros. Para verificar de perto as condições desses povos que vivem praticamente isolados”
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Saudades de Minha Terra
Gente humilde…
As vezes me bate ao peito uma saudade imensa de ti ó terra querida, mas tenho que suportar a vontade de exisitr em ti e imensa magnitude de recusar a minha ida ao teu seio...
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece
De repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a tudo, quando eu passo
Num subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem
De algum lugar
Aí me dá uma inveja
Dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada, escrito em cima
Que é um lar
Pela varanda, flores tristes
E baldias
Como a alegria que não tem
Onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito de eu não ter
Como lutar
E eu não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Te amo Cruzeiro do Sul
Motor de avião que caiu na Amazônia é removido
Nove pessoas sobreviveram ao acidente com a aeronave da FAB.
Investigação vai determinar as causas do acidente.
O Comando da Aeronáutica informou, nesta quinta-feira (5), que o motor da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que caiu na Amazônia foi removido e será encaminhado para Cruzeiro do Sul (AC), de onde seguirá para análise.
A aeronave caiu no dia 29 de outubro, quando seguia de Cruzeiro do Sul (AC) para Tabatinga (AM), com 11 pessoas a bordo. Nove pessoas sobreviveram e foram resgatadas. Duas pessoas morreram.
O avião foi retirado do rio e levado para a margem na quarta-feira (4). Várias partes da estrutura da aeronave foram retiradas e também serão analisadas durante a investigação que vai determinar as causas do acidente. Não há prazo para o término dos trabalhos. A investigação será conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
AO MEU PAI, JOSÉ MASTRANGELO
*Por Marcela Mastrangelo
Vamos começar uma viagem no tempo. Tudo começou num pequeno vilarejo no Sul da Itália, Coregia. Era uma bonita manhã de domingo, fim de inverno e começo de primavera, fim da 2º Guerra Mun-dial. Em 11 de março de 1945, nascia um bebê robusto, com quase cinco quilos, com uma cabeça avantajada, dando muito trabalho para o parto de sua mãezinha. Nesta manhã, nasceu José Mastrangelo (Giuseppe Mastrangelo-"foto"), apelidado, carinhosamente em sua terra, de "Pepino" (Zezinho).
Teve uma bela infância. Entre muitas frutas e verduras (ele gostava muito de se alimentar) e "danadices" de um menino inteligente, ele, desde cedo, olhando o mapa mundi, disse que, um dia, iria conhecer a Amazônia, pois lá deveria ser um lugar bom para se morar, porque era calor.
Aos 12 anos, foi para o colégio interno, onde estudou a juventude inteira e, aos 27 anos, já era Doutor naquilo que tinha se proposto a estudar, a Teologia e a sociedade e suas relações.
Quando chegou o momento de prestar o serviço militar, optou pelo trabalho voluntário num país de Terceiro Mundo ou em Desenvolvimento, como prefiram falar, só que esse país era o Chile. Porém, após 11 dias no navio vindo da Itália, aportou no Rio de Janeiro e decidiu: "é aqui que eu quero ficar". Foi desenvolver trabalhos comunitários na favela Jacarezinho. Em viagens a São Paulo, conheceu Dom Moacyr e, quando soube que este morava na Amazônia, não titubeou: "quero conhecer a sua terra". Era o Acre... Ah, que bonito!
Seu sonho de menino havia se concretizado. Ele conheceu a Amazônia, e logo, logo, começou a desempenhar diversas atividades na sociedade acreana, entre elas, a paixão de sua vida: lecionar, ensinar, abrir mentes, fazer conhecer.
Foi nesta que conheceu Ocidéa Mastrangelo, filha da terra, sua aluna. Namoraram dois anos, e ele, já não querendo mais ir embora daqui, casou-se com ela em 30 de julho de 1978. Querendo muito ser pai, a princípio de 12 filhos (!), teve Marcela (eu), em 1980; João Paulo, em 1982, e José, em 1984. Mesmo meu pai discordando, minha mãe decidiu que estava bom três filhos. E, enfim, só foram esses três filhos que tiveram a sorte de ter um pai querido, bondoso e feliz em suas vidas.
Tudo que quis nos deixar de herança, ele conseguiu com êxito: cultura, amor pela arte (música, livros, culinária, e etc...), estudos, viagens. Ah, como eram deliciosas nossas viagens pelo mundo!
José Mastrangelo era um homem apaixonado pelo debate, pela discussão das idéias, pelo fomento à participação de todos e, principalmente, pela inclusão de todos na sociedade. Era emblemática a forma como, em seus discursos (e, agora, relendo seus escritos, confirmei), ele tinha sempre a mesma razão, o mesmo propósito: alertar sobre a coerência, sobre ensinamentos cristãos, sobre amor ao próximo.
Nos diversos papéis que atuou em sociedade, inclusive o de professor (no qual eu também tive a oportunidade de conhecê-lo, já que fui sua aluna), podem ter certeza de que nenhum ele desempenhou com tanto amor e respeito quanto o de pai. Ele foi e sempre será um grande e bom pai.
Nunca gritou, nunca reprimiu, nunca bateu, nunca trouxe desgostos, muito pelo contrário, sempre conversou, olhou, cuidou e deu mil razões boas de nos orgulharmos de sermos seus filhos.
Quando queria chamar a atenção para alguma coisa em nossas vidas, fazia de sua forma sábia e inteligente (como não poderia deixar de ser), mostrando artigos, livros, fazendo um comentário vago, porém sempre perspicaz. Nós já sabíamos que aquilo era uma "indireta" para revermos, ou melhor, vou usar a palavra que ele adorava dizer: para "refletirmos" sobre nossas ações e pensamentos. Apesar de ser um homem público, conversador e questionador, na intimidade, meu pai era discreto, não gostava de grandes badalações. O seu lar representava o lugar do repouso, o refúgio de um guerreiro e, acreditem, o lugar de suas reflexões mais profundas. Ah, como ele adorava refletir e, nós quatro, filhos e esposa, quando víamos que ele estava no seu momento de "debate inte-rior", respeitávamos e acolhíamos o seu silêncio.
As lembranças são tantas, inúmeras, lindas e felizes, mas o concreto, hoje, é que nós, os frutos, nos sentimos abençoados e agradecidos por sermos parte de uma história de um homem que sempre colocou o interesse do coletivo acima do interesse particular. Ele almejava, aliás, vou usar novamente um termo dele: "sonhava" com uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, na qual as pes-soas pudessem ter condições de correr atrás do pão de cada dia, sem guerra, com paz, com a justiça e a condição de que somos todos irmãos.
Hoje, minha mãe sofre, mas sempre enaltece que viveu dias maravilhosos com o seu companheiro. Com esse homem que era tão apaixonado pela vida, por viagens, pela leitura, pela arte de ensinar e, é claro, como bom italiano, pelo seu time do coração, o Juventus. Aliás, ele gostava de esportes em geral.
Domingo era o dia. O dia de se sentar no seu sofá (o mesmo no qual ele partiu...), e assistir a toda programação de esporte. Domingo era o dia de ler seus jornais e revistas e de receber seus queridos netinhos, Giovanni, 4 anos, José, 2 anos, e Pietro, 7 meses, a quem ele amava incondicionalmente, com tanto cuidado e respeito quanto demonstrou pelos filhos.
Porém, na manhã do último domingo, 25 de outubro de 2009, dia do aniversário de seu papai Giovanni (meu avô), que também não está mais conosco, José Mastrangelo, meu pai, fez uma viagem. O lugar para onde ele foi, ah, esse não posso falar ainda como é. Mas, pelas suas ações, acredito que ele foi para um lugar lindo, cheio de luz. Penso nele e já o vejo num círculo de pessoas, debatendo, questionando, observando e falando de coisas boas e solidá-rias. Com um sorrizinho no rosto, feliz pela sua grande atuação no palco da vida.
Onde você estiver, papai, obrigada por tudo, obrigada pelo grande e bom pai que você foi e pelos ensinamentos de amor e respeito ao próximo que você nos deixou.
*Marcela Mastrangelo é socióloga e bacharel em Direito, filha do saudoso intelectual José Mastrangelo.
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