Detentor de 13 anos de mandato, presidente da Mesa Diretora da Aleac faz retrospecto da Casa.
Quem sentar na cadeira da presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), em fevereiro próximo, vai encontrar um Poder Legislativo “transparente, sintonizado com o movimento social e muito mais próximo da comunidade do que fora no passado”.
Este é o pensamento do atual presidente da Mesa Diretora, o deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), ao fazer um retrospecto de sua vida parlamentar ao longo de 13 anos -- quatro deles como líder da Casa. Agora, depois do insucesso na eleição ao Senado, Edvaldo Magalhães assumirá uma pasta no novo governo Tião Viana com o sentimento de que a Aleac nunca mais será a mesma.
“Sem dúvida, é o poder hoje mais acessível pelas pessoas e pelas instituições. Nosso desafio era o de que a Aleac funcionasse de forma permanente, que a sua pauta não fosse estrangulada por ineficiência ou outra coisa e tudo foi deliberado às claras”, afirmou em entrevista na última noite de 2010, ao jornalista Rutemberg Crispim, apresentador interino do Programa Gazeta Entrevista, da TV Gazeta.
Edvaldo disse que um dos pilares da nova Aleac era “não querer ficar apenas no embate das políticas”. Para isso, foi criado o Programa Assembleia Aberta, cujo objetivo foi se aproximar das pessoas e dos problemas que elas sofriam.
“Dialogamos com as pessoas nos locais mais longínquos desse Estado. O gesto do deslocamento simbolizou a imagem do Poder Legislativo saindo do caixão de vidro para ouvir os ribeirinhos lá nas barrancas do Jordão”, afirmou.
Outro fator importante para o engrandecimento do Legislativo, segundo a opinião de Edvaldo é que a “Aleac não tem nem terá dificuldade, do ponto de vista orçamentário”. Ele afirma que a Assembleia “chegou a um patamar de relação política que não pertence mais à legislatura, mas à conquista da transparência do debate”. Neste sentido, entende que o estreitamento das relações com os movimentos sociais são conquistas do Poder Legislativo, “independente de quem sentar na cadeira de presidente”.
Embora seja a favor de uma chapa única, que possa reunir maioria e minoria, Edvaldo Magalhães traçou um perfil dos quatro nomes indicados à eleição da Mesa Diretora em fevereiro próximo. O primeiro deles é o deputado Luis Tchê (PSDC), a quem tachou de um parlamentar “que faz a diferença” entre seus pares. O segundo Helder Paiva (PR), “o grande irmão sensato e sereno de quatro mandatos”. O terceiro, Moisés Diniz (PC do B), foi classificado por Edvaldo como o “exímio articulador. Aquele que entende os contrários e consegue negociar com simplicidade”. O último parlamentar: Élson Santiago (PP), “traz a experiência de vários mandatos”.
“No entanto, acredito que se deve construir uma chapa de consenso com a maioria dialogando com a minoria para uma chapa plural, com o olhar da maioria e a minoria”, pontua. Afirma que são 13 novos deputados que podem colaborar com o que classifica de “um senso majoritário”.
Agora, ele assume a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio com o desafio de promover passos largos na economia, sobretudo, na florestal, dando celeridade a este processo.
Leia alguns trechos da entrevista
Eleições 2010: “A abordagem da FPA foi errada”
O presidente da Mesa Diretora da Aleac voltou a fazer uma análise destas Eleições 2010, na qual ele não conseguiu se eleger senador, ao lado da vaga conquistada pelo ex-governador Jorge Viana.
“Em eleição é assim: quando tem vitória, esquecem-se os motivos e comemoram-se alguns aspectos apenas. Quando tem derrota sempre procura-se o culpado”, diz Edvaldo Magalhães. “Na verdade, você é obrigado a tirar lições dela e erra quem achar que tem apenas um motivo”, completa.
No entendimento do presidente, são vários os aspectos. “A começar pela abordagem errada, pois, construímos um projeto para 2010 desconectado com a realidade política deste momento”.
“Essa coisa de afirmar de que um está eleito (Jorge Viana), e de que agora faltaria apenas mais um soou presunçoso. Desse jeito, você desrespeita a sua excelência, os eleitores. A campanha começou com um certo excesso. Não começou com os dedos no pulsar da população”, frisou.
“As conquistas da FPA para o Acre são extraordinárias, mas elas não se traduzem no eleitorado. O volume do fazer no cotidiano vai se distanciando da comunidade, com conseqüências políticas e eleitorais”.
“Tivemos a oportunidade de um aperto. Foi como se estivéssemos num Boeing em pane que teve pousar numa pista curta, bem distante, lá próximo do Jordão e que nos permitiu depois do susto, fazer os ajustes que precisam ser feitos para um bom voo”.
Administração Binho Marques – “O governo Binho Marques está deixando um legado extraordinário. E o seu maior pecado, quiçá, na história do Acre, tenha sido o de trabalhar muito, saturando muitas vezes a sua equipe”.
“Do seu jeito calado, ele foi muito mais duro que o Jorge com sua equipe, e deixou centenas de milhares de obras. O outro defeito foi o de protagonizar poucos eventos, divulgando pouco, no seu jeito pacato de governar”.
“Foi o seu jeito de governar que fez romper o distanciamento nas relações políticas de Rio Branco com o Juruá. Sem tirar o mérito de Tião Viana, vencemos lá e fechamos um ciclo de 12 anos de governo de reconstrução, de conquista da confiança do povo no funcionamento da máquina pública o consolidando o início de um novo ciclo”.